30/03/2012
O acordo assinado entre o governo, os empresários e as centrais sindicais para melhorias nas condições de trabalho no setor da construção civil em nada tem mudado a vida dos operários. As paralisações e mobilizações nos canteiros de obras, nesse ano de 2012, demonstram a insatisfação desses trabalhadores.
Os cerca de cinco mil trabalhadores do Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), responsável pelas obras da terceira maior hidrelétrica do mundo, entraram em greve geral nesta quinta (29). As reivindicações são aumento salarial, redução dos intervalos entre as baixadas (visita dos trabalhadores a suas famílias) de 6 pra 3 meses, o não-rebaixamento do pagamento e solução de problemas com a comida e água. A paralisação começou ontem no canteiro de obras do Sítio Pimental, após um acidente de trabalho que matou o operador de motosserra Orlando Rodrigues Lopes, de Altamira, e hoje se estendeu para os demais canteiros. A saída dos ônibus do perímetro urbano de Altamira para os canteiros de obra, em Vitória do Xingu, foram bloqueadas.
“A pauta é a mesma de antigamente: tudo o que está no acordo coletivo. Não cumpriram nada”, explica um dos trabalhadores. Segundo ele, apesar das greves e pressões realizadas que no ano passado, que levaram a empresa a assinar o acordo coletivo, ao invés de melhorar, as condições de trabalho tem piorado.
“No último pagamento cortaram as horas-transporte, o que diminuiu em até 600 reais o salário do peão”, explica. A justificativa para a redução é de que trabalhadores estão sendo removidos da cidade para os canteiros, e que por isso não precisarão do adicional. Por conta disso, ao menos 40 trabalhadores que passaram a residir nos alojamentos provisórios dentro dos canteiros já teriam se demitido. “Pra quem vem de fora o salário já não estava bom. Com esses 600 a menos, nem vale a pena ficar”.
O trabalhador morto em acidente, que, segundo operários prestava serviços para o CCBM, era da empresa terceirizada Dandolini e Peper, e estava trabalhando na derrubada de árvores no canteiro Canais e Diques. “Nós não temos segurança nenhuma lá. Falta EPI [equipamento de proteção individual], sinalização e principalmente gente pra fiscalizar” , reclamam os trabalhadores.
Milhares em greve em outros canteiros de obra – Na usina hidrelétrica de Jirau e Santo Antônio (RO) cerca de 40 mil operários estão em greve há mais de 20 dias. Novamente os operários se enfrentam com a intransigência da Construtora Camargo Corrêa e da Enesa Engenharia Ltda., responsáveis pela obra, além do clima de ameaça e repressão imposta pela polícia. O clima tensão aumenta com o anúncio da vinda da Força Nacional de Segurança.
Três mil operários da obra da Plataforma da Petrobras, em São Roque do Paraguaçu (BA), entraram em greve na luta por melhores salários e outras reivindicações.
Os operários das obras do estádio Arena das Dunas (RN) também pararam. Esses trabalhadores pedem a equiparação salarial com os operários da construção de outros estádios que serão sede da Copa.
Já os trabalhadores do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), que também estavam em greve por melhores condições de trabalho, enfrentam duros ataques. A Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro considerou ilegal a paralisação dos operários cuja duração foi de mais de um mês. O movimento grevista já anuncia outra paralisação.
Em data base, os operários da Construção Civil de Fortaleza (CE), após várias negociações, seguem enfrentando a intransigência dos empresários do setor que “oferecem” somente o índice da inflação (6,5%) e um “reajuste” de R$ 3,00. Isso mesmo, três reais, no valor da cesta-básica, por isso, esses trabalhadores realizaram uma passeata com mais de 3 mil pessoas pelas ruas da Aldeota, bairro nobre da cidade e já apontam a preparação da greve.
Em Pernambuco os operários do Complexo Industrial Petroquímico de Suape ainda acompanham os desdobramentos e reflexos da greve do ano passado e se preparam para as lutas deste ano.
Não foi sido diferente com os operários dos canteiros de obras da termoelétrica do Pecém (CE). Mais de 8 mil trabalhadores realizam lutas e greves por mais de 15 dias. Esses operários reclamam o não cumprimento de cláusulas do acordo coletivo de 2011 e em defesa das reivindicações em relação à data-base 2012/2013 que tiveram como desfecho um reajuste de 11%.
Só com mobilização as reivindicações serão atendidas – A CSP-Conlutas apoia todos esses processos de luta. Em cada uma dessas obras estamos lutando pelas mesmas coisas e somos de uma mesma categoria, portanto devemos exigir imediatamente do Governo Dilma e das empreiteiras:
- Efetivação do acordo nacional em todas as obras;
- A mesma data-base;
- Um piso nacional e o mesmo salário, no país inteiro, para os profissionais;
- Sexta básica com valor igual em todo país;
- Pagamento de horas-extras e horas intíneres;
- Folga (baixada) de 5 dias a cada 60 dias trabalhados, com passagens aéreas pagas pelas empresas;
- Plano de saúde com cobertura nacional para todos os nossos familiares;
- Eleição de representantes sindicais de base em cada obra, com direito a estabilidade no emprego;
- Saúde, Segurança, Condições de Trabalho, alojamento, transporte e refeição de qualidade;
- Nenhuma demissão.
Fonte: CSPConlutas, com informações do Boletim especial da CSP-Conlutas “greve nas obras” e site Mov. Xingu Vivo.
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