Mulher
Ensina-me a fazer um poema
De mãe
Ensina-me a fazer um poema
De mulher
Terra que sangra
Mãos que afagam e trabalham
Ensina-me a fazer as nuvens que choram
Na terra seca do homem e filho
Ensina-me essa luta infinda
Nos teus calos do coração
Que a história sempre olhou
Como coadjuvante no fazer do tempo humano,
Esse tempo de homens, de homens...
Ensina-me essa bravura das mães
Da Praça de Maio enfrentando
Ditaduras mesquinhas - e a tempo -
Fazendo o feijão e limpando as poeiras
Na sua casa sem tecer cansaço.
Ensina-me esse batom vermelho
Que usas para realçar a sua beleza
Já bela.
Ensina-me essa força
Áspera e meiga
Que atiça pelos olhos
A caatinga e o verde,
O sofrer de hoje, a água no amanhã
Ou, no minuto seguinte.
Ensina-me esse caminhar
Nos degraus da vida.
Ensina-me, mulher,
A amar sem ter o ódio do cansaço
De enfrentar essa sociedade nos dada,
E que somos frutos do primeiro passo errado.
Sabe mulher, me ensine a ser gente,
Ensina-me, me ensine a nos ensinarmos
A cada dia,
Pois,
De manhã e de noite
Vieram eles
E a mim me disseram
Que sou homem
De manhã e de noite
Vieram eles
E me disseram
Que sou mulher
De madrugada, porém
Do um teto rachado
Uma luz natural
Veio a mim
E disse-me apenas:
- Escuta! Tu és gente.
Mulher
Em especial peço
A Cora Coralina:
- Ensina-me a ser poeta
Ensina-me a fazer poema
De doces
Para beijar-te com gosto de caramelo
E bravura das mães da Praça de Maio.
JeanClaudio
07/032012
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