Governo da Bahia, através do Banco do Nordeste (BNB), conseguiu financiamento para ampliar a escala de produção da empresa e reduzir custos
Luciana Rebouças | Redação CORREIOluciana.reboucas@redebahia.com.br
Após demitir funcionários e até mesmo ameaçar sair da Bahia, a fábrica de calçados da Vulcabras/Azaleia, em Itapetinga, a 580 quilômetros de Salvador, recebeu ontem uma boa notícia.
O governo da Bahia, através do Banco do Nordeste (BNB), conseguiu um financiamento de R$ 64 milhões para ampliar a escala de produção da empresa e reduzir custos. Segundo o secretário do Comércio, Indústria e Mineração (SICM), James Correia, a empresa já voltou até a contratar os funcionários que vinha demitindo desde fevereiro. Foram cerca de 3 mil empregados.
“Eles precisam aumentar muito a escala de produção para ficar com um preço mais competitivo”, argumentou o secretário. Procurada pelo CORREIO, a assessoria de comunicação da Azaleia declarou que a direção da empresa não iria se pronunciar sobre o assunto.
Correia comentou que, apesar do Brasil já ter tomado medidas para impedir que a entrada de calçados chineses “quebrem” a produção nacional, a China está praticando triangulação. Isso nada mais é do que enviar aos mercados estrangeiros os componentes para montar o sapato em outros países, ou seja, uma estratégia para driblar as medidas protecionistas.
O resultado é que uma fábrica como a Vulcabras/Azaleia já ameaçava deixar o estado e cerca de 18 mil funcionários sem emprego por causa desse cenário. “Estávamos muito preocupados com a situação da população de Itapetinga. Aqui era uma cidade que vivia da pecuária extensiva, que em uma fazenda emprega três pessoas. O que íamos fazer com toda essa gente que perdesse o emprego na fábrica?”, indagou João Carlos Moura, prefeito do município. Ele confirmou que a Vulcabras/Azaleia já iniciou as recontratações.
Brasil
A notícia sobre a concessão do financiamento foi divulgada ontem pelo secretário Correia durante o pré-lançamento do Encontro de Comércio Exterior – Encomex, no Sebrae. Presente ao evento, Tatiana Lacerda Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, afirmou que o governo federal está tomando medidas para impedir que a China continue com as práticas de dumping, isto é, reduzindo preços até abaixo do custo para derrubar a concorrência e depois voltar ao preço anterior.
“O governo está atento às importações desleais. O Brasil é um dos principais países em medidas antidumping, com 79 em vigor e 45 investigações em curso”, comentou. Ela acrescentou que a triangulação no setor de calçados também está sendo investigada, mas esse trabalho pode durar até um ano.
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