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terça-feira, 5 de julho de 2011

O pt e o neopatrimonialismo

Redescobrindo um texto que publicizei numa Sex, 9 de Mar de 2007 3:15 pm. Está aí para quem quiser rememorar. 

"Hoje eu sei que quem me deu a idéia de uma nova consciência e juventude está em casa guardado por Deus contando o vil metal. Minha dor é perceber que apesar de tudo, tudo o que fizemos, ainda somos os mesmo e vivemos como nossos pais".  Como Nossos Pais (Belchior)

Estou a 1500 quilômetros de meu torrão natal e, pensava, a alguns anos-luz das políticas clientelistas do pós-colonialismo através das quais as oligarquias sempre conduziram a política baiana, independentemente de todo anacronismo historicamente implicado.
Ante todos os casuísmos, clientelismos, patrimonialismos, cooptações e outros “ismos” e “ções”, tão caros a toda a classe trabalhadora, a prática dos que se alçaram à burocracia estatal denuncia que o discurso que, literalmente, venderam, não passou de mera retórica levada pelos ventos dos exercícios e vícios da tão decantada democracia burguesa. Ah! Como esta lhes é útil na manutenção da dominação capitalista!!!
Mais, o discurso que afirmava a chegada de um governo “popular” se esvaiu feito fumaça uma vez tendo a tecnocracia se instalado sob as tetas institucionais de onde jorravam vantagens e privilégios mil. E, uma vez embevecidos com a abundância dos ovos de ouro advindos da galinha estatal, jogaram na lata do lixo da política nacional (tão grande quanto nosso território) os princípios pregados no dia anterior.
As bandeiras (bandalheiras?) das alianças foram desfraldas, não com e para os trabalhadores (não era um Partido dos Trabalhadores?), mas para e com os setores mais reacionários – e historicamente conhecidos, reconhecidos e autoproclamados de direita – da política e economia brasileiras, se é possível separá-las senão de modo didático. E o ‘governo popular’ abriu vias de trânsito livre para os clãs dos Sarney's, ACM´s... PL´s, PFL´s e Cia... Bradescos, Itaús, BMG´s... de modo que alguns chegaram a se espantar. Mas se espantaram mesmo foi com a ausência de trabalhadores naquelas vias. Claro que alguns progrediram sobremaneira, como o lulinha, o filho do presidente. Mas ele foi uma das exceções.
E daí veio – e não podia ser diferente – repetições e renovações das práticas espúrias da “democracia possível” (a antes pregada era impossível?). Ressuscitaram aqueles indivíduos, aquelas práticas, aqueles ‘ismos’ e ‘cões’ próprios do neocolonialismo e neopatrimonialismo coronelistas das oligarquias e da ditadura militar, tão caros à classe trabalhadora de “nosso” país – dá medo falar isso quando esta é a única que nada determina e que não nos incluímos aí -, que alguns se interrogavam que rumo tomaria o “modo petista de governar”. E o pior é que fizeram isso utilizando, estelionatariamente, o aval das lutas populares e operárias e se fazendo chamar de esquerda.
Quem era (é) corajoso o bastante para criticar ou cobrar os princípios políticos aos quais se abnegou e descarregou forças na construção de uma esquerda internacionalista o ‘modo petista de governar’ os pôs no ostracismo ou criminalizou – veja o caso dos quase 200 presos políticos ligados aos movimentos sociais ou mesmo dos antigos ‘companheiros de lutas’, criminalizados na atual conjuntura “democrática” do contemporâneo e conterrâneo ‘governo popular’. Quem não foi criminalizado teve que ouvir o desgastado e atemporal chavão de que toda oposição é de direita, desqualificando toda e qualquer crítica, vinda de onde venha.
Este é o cotidiano político desde que o pt chegou ao governo. No entanto, justiça seja feita quanto à tarefa de discernimento entre esquerda e direita, que foi bastante facilitada. Utilizando o das práticas – principalmente levando em conta que, quando se fala de direita, aqui no Brasil, se refere ao lugar comum dos métodos oligárquicos e burgueses, arrogantes, autoritários e repressivos, clientelistas e patrimonialistas, voltados para os interesses dos seus correligionários e do grande capital. Qualquer coincidência com as políticas, a nível nacional e internacional, da atual “esquerda no governo” NÃO é mera coincidência. 
No que se refere à política baiana a coisa não é diferente, apesar do discurso de que os ‘descaminhos’ do pt é produto de uns poucos indivíduos e do teatro de quinta categoria protagonizado pelo ex-operário e atual presidente. Em meio ao quadro de coisas atuais na política baiana – e Vitória da Conquista, a não muito tempo atrás chamada de “bastão da resistência anticarlista na Bahia” não foge à regra – também participa (e leva a cabo) o clientelismo e o patrimonialismo típicos do coronelismo neocolonial. Não que tivéssemos acreditado, em algum momento, que essa auto-intitulada “esquerda” agiria de outra forma. No entanto, chegar à inescrupulosidade das práticas carlistas é ir longe demais.
Uma vez no governo baiano – assim como no municipal -, a tão decantada política anticarlista passou a reeditar o ‘modus ACM de governar’, sem nenhum escrúpulo ou remorso, mas com um agravante, no entanto: sem originalidade, o que traz novamente à tona outro antigo chavão, o de que “quem tem uma esquerda destas não precisa de direita”.
Mero engano? Então, o que dizer, para ficar num único exemplo, da prática clientelista das nomeações de diretores para as escolas municipais e estaduais, quando os princípios que diziam defender era o de eleições diretas para o cargo? O que dizer dos nomes agraciados, muitos dos quais fizeram movimento estudantil (UBES, UNE, UMES) cuja principal bandeira era a da democracia e hoje se encontram cooptados por um cargo técnico-burocrático comprado ao preço da lealdade ao modo único de pensar, acrítico?  A única lição política que tantos professores – inseridos em todos os cargos existentes, desde o executivo municipal até os diretores biônicos – têm a dar a seus alunos é da velha máxima franciscano-clientelista do ‘é dando que se recebe’, ao invés da contribuição qualificada na educação, da capacidade administrativa e da competência técnica, e que passe pelo crivo da escolha democrática dos que fazem a escola (professores, técnicos e alunos)? Pelo menos não passaria pelo vexaminoso “sistema de espólios”, ao ter que rifar os cargos públicos entre seus partidários.
 Eis uma lição que os alunos devem ensinar a esses professores.

Um comentário:

Anônimo disse...

O PT E O NEO-PATRIMONIALISMO.
Sem falar nas demissões, perseguições e transferências daqueles, e sobre aqueles ,que não concordam com o "MODO PETISTA DE GOVERNAR", ou melhor: O MODO STALINISTA DE SE LOCUPLETAR.