por Daniel Matos
21 OCT 2014
1) Sarney, Color, Renan, Maluf e Marco Feliciano foram
aliados preferenciais do governo tucano e depois passaram a ser aliados
preferencias do governo petista. Ambos fazem parte da casta política que foi
rechaçada pelas ruas em junho de 2013.
2) JBS, OAS, Andrade Gutierrez, Odebrecht, UTC Engenharia,
Ambev, Bradesco e Cutrale, que empregam trabalho quase escravo, recebem crédito
subsidiado do BNDES, gozam de incentivos fiscais e em alguns casos participam
dos esquemas de superfaturamento da Petrobras estão entre as maiores
financiadoras da campanha eleitoral de Aécio e de Dilma.
3) Os tucanos entregaram o país às privatizações e ao
capital estrangeiro nos anos 90. Mas nos governos do PT essas mesmas empresas
estrangeiras seguiram obtendo lucros recordes e metade do orçamento federal
seguiu sendo destinado aos 20 mil investidores milionários que detêm títulos da
dívida pública
4) O PSDB privatizou os principais recursos públicos do país
nos anos 90. Mas o PT privatizou portos, aeroportos, ferrovias, rodovias e a
maior reserva de petróleo do país (a bacia de Libra); para além das famosas
Parcerias-Público-Privadas (PPPs).
5) Os tucanos não conseguiram esconder o mensalão de Minas
Gerais e o superfaturamento no sistema metro-ferroviário de São Paulo. Mas os petistas
não conseguiram esconder o mensalão de Brasília e o superfaturamento na
Petrobras.
6) O PSDB sempre teve uma política externa subserviente aos
Estados Unidos e à Europa. Mas o PT coloca as tropas brasileiras no Haiti para
que as empreiteiras brasileiras possam participar do botim da “reconstrução”; e
os empresários amigos do governo brasileiro vão explorar os países africanos e
os vizinhos mais pobres da América do Sul.
7) O PSDB nunca apurou as torturas e assassinatos da
ditadura. Mas foi o PT quem fez um pacto com os militares para garantir por lei
que os responsáveis pelos assassinatos e torturas da ditadura militar não
possam ser punidos.
8) Os tucanos implementaram reformas neoliberais que
retiraram direitos dos aposentados e do trabalhador nos anos 90. Mas foi Lula
que em 2003 terminou de implementar a reforma da previdência e a flexibilização
dos direitos trabalhistas nas pequenas e médias empresas através do
Supersimples em 2006. Foi o PT que estimulou a flexibilização dos direitos em
acordos diretos entre patrões e sindicatos frente à crise de 2009. E é a Dilma
quem propõe uma lei federal que generaliza e aprofunda o sistema de suspensão
dos contrários de trabalho conhecido como lay-off.
9) No governo tucano dos anos 90 existia mais desemprego do
que existe hoje. Mas a maior parte dos empregos criados são precários. Essas
serão as primeiras vítimas frente a novas crises. E já se sente o aumento do
desemprego em alguns ramos da indústria.
10) Os pobres hoje são menos pobres do que eram na era FHC.
Mas os ricos também são mais ricos do que naquela época, sendo que a riqueza
dos ricos (com lucros recordes dos empresários) cresceu em proporções maiores
do que a melhoria de vida dos pobres. Os indicadores sobre redução da
desigualdade social difundidos pelo PT são falsos na medida em que se baseia
nas pesquisas domiciliares do IBGE, nas quais os ricos omitem a totalidade de
seus rendimentos.
11) O salário mínimo durante os governos petistas aumentou
mais que durante os governos tucanos. Mas ele segue sendo R$ 724,00, enquanto o
salário mínimo necessário de acordo com os preceitos constitucionais, segundo
os cálculos do Dieese, deveria ser de R$ 2.862,73.
12) Nos governos do PT, através das cotas para negros, mais
negros entraram na universidade. Mas a maioria esmagadora dos negros segue sem
ter acesso ao ensino superior, e muitas vezes sem concluir nem mesmo o ensino
básico.
13) Os governos do PSDB sempre negaram os direitos
democráticos elementares como a legalização do aborto seguro e gratuito ou a
criminalização da homofobia. Mas o PT não só fez o mesmo, como fortaleceu o
peso das bancadas evangélicas que defendem posições reacionárias nessas
questões, chegando a colocar um reacionário recalcitrante como Marco Feliciano
para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
14) Se em tempos de vacas gordas os patrões aumentaram seus
lucros em proporções maiores do que os trabalhadores e o povo melhoraram de
vida, nos tempos de vacas magras que se avizinham tanto petistas como tucanos
vão priorizar a preservação dos lucros patronais em detrimento das condições de
vida da classe trabalhadora.
15) Na medida em que se agravem as tendências recessivas da
economia, seja com PT ou PSDB, devemos nos preparar para mais desemprego, mais
inflação, aumento de tarifas, cortes nos gastos sociais, privatizações e
retiradas de direitos.
16) Tanto Dilma como Aécio vão se opor à realização das
demandas por mais direitos sociais que emergiu das manifestações de junho de
2013. Apesar da demagogia de “mudança” que ambos tentam fazer, o projeto
político que representam, baseado nas grades empresas e no capital estrangeiro,
entra em choque com aquelas demandas.
17) Precisamos apostar no caminho de junho para defender
nossas conquistas e lutar por nossas demandas, o caminho da mobilização
independente dos trabalhadores e da juventude.
18) O voto útil no mal menor está associado a uma postura de
passividade diante da vida e dos problemas do país. Essa passividade está
baseada na ilusão de um período de crescimento econômico que ficou para trás.
Ela somente nos trará retrocessos e derrotas, pois os que estão no poder nunca
são passivos. Pelo contrário, são bastante ativos, ainda mais num momento em
que veem seus lucros e privilégios ameaçados.
19) Quanto mais votos tiver qualquer um dos dois candidatos
eleitos, mais legitimidade terá para implementar medidas o novo governo. Quanto
menos votos tiver o novo presidente, mais frágil estará para defender os
interesses dos patrões, e em melhores condições estaremos para travar os
combates em defesa do que já temos conquistado e por daquilo que merecemos
conquistar. Por isso é necessário votar nulo.
Fonte: Palavra
Operária
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