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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

19 motivos para não votar no mal menor


por Daniel Matos
21 OCT 2014

1) Sarney, Color, Renan, Maluf e Marco Feliciano foram aliados preferenciais do governo tucano e depois passaram a ser aliados preferencias do governo petista. Ambos fazem parte da casta política que foi rechaçada pelas ruas em junho de 2013.
2) JBS, OAS, Andrade Gutierrez, Odebrecht, UTC Engenharia, Ambev, Bradesco e Cutrale, que empregam trabalho quase escravo, recebem crédito subsidiado do BNDES, gozam de incentivos fiscais e em alguns casos participam dos esquemas de superfaturamento da Petrobras estão entre as maiores financiadoras da campanha eleitoral de Aécio e de Dilma.

3) Os tucanos entregaram o país às privatizações e ao capital estrangeiro nos anos 90. Mas nos governos do PT essas mesmas empresas estrangeiras seguiram obtendo lucros recordes e metade do orçamento federal seguiu sendo destinado aos 20 mil investidores milionários que detêm títulos da dívida pública
4) O PSDB privatizou os principais recursos públicos do país nos anos 90. Mas o PT privatizou portos, aeroportos, ferrovias, rodovias e a maior reserva de petróleo do país (a bacia de Libra); para além das famosas Parcerias-Público-Privadas (PPPs).
5) Os tucanos não conseguiram esconder o mensalão de Minas Gerais e o superfaturamento no sistema metro-ferroviário de São Paulo. Mas os petistas não conseguiram esconder o mensalão de Brasília e o superfaturamento na Petrobras.
6) O PSDB sempre teve uma política externa subserviente aos Estados Unidos e à Europa. Mas o PT coloca as tropas brasileiras no Haiti para que as empreiteiras brasileiras possam participar do botim da “reconstrução”; e os empresários amigos do governo brasileiro vão explorar os países africanos e os vizinhos mais pobres da América do Sul.
7) O PSDB nunca apurou as torturas e assassinatos da ditadura. Mas foi o PT quem fez um pacto com os militares para garantir por lei que os responsáveis pelos assassinatos e torturas da ditadura militar não possam ser punidos.
8) Os tucanos implementaram reformas neoliberais que retiraram direitos dos aposentados e do trabalhador nos anos 90. Mas foi Lula que em 2003 terminou de implementar a reforma da previdência e a flexibilização dos direitos trabalhistas nas pequenas e médias empresas através do Supersimples em 2006. Foi o PT que estimulou a flexibilização dos direitos em acordos diretos entre patrões e sindicatos frente à crise de 2009. E é a Dilma quem propõe uma lei federal que generaliza e aprofunda o sistema de suspensão dos contrários de trabalho conhecido como lay-off.

9) No governo tucano dos anos 90 existia mais desemprego do que existe hoje. Mas a maior parte dos empregos criados são precários. Essas serão as primeiras vítimas frente a novas crises. E já se sente o aumento do desemprego em alguns ramos da indústria.
10) Os pobres hoje são menos pobres do que eram na era FHC. Mas os ricos também são mais ricos do que naquela época, sendo que a riqueza dos ricos (com lucros recordes dos empresários) cresceu em proporções maiores do que a melhoria de vida dos pobres. Os indicadores sobre redução da desigualdade social difundidos pelo PT são falsos na medida em que se baseia nas pesquisas domiciliares do IBGE, nas quais os ricos omitem a totalidade de seus rendimentos.
11) O salário mínimo durante os governos petistas aumentou mais que durante os governos tucanos. Mas ele segue sendo R$ 724,00, enquanto o salário mínimo necessário de acordo com os preceitos constitucionais, segundo os cálculos do Dieese, deveria ser de R$ 2.862,73.

12) Nos governos do PT, através das cotas para negros, mais negros entraram na universidade. Mas a maioria esmagadora dos negros segue sem ter acesso ao ensino superior, e muitas vezes sem concluir nem mesmo o ensino básico.
13) Os governos do PSDB sempre negaram os direitos democráticos elementares como a legalização do aborto seguro e gratuito ou a criminalização da homofobia. Mas o PT não só fez o mesmo, como fortaleceu o peso das bancadas evangélicas que defendem posições reacionárias nessas questões, chegando a colocar um reacionário recalcitrante como Marco Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
14) Se em tempos de vacas gordas os patrões aumentaram seus lucros em proporções maiores do que os trabalhadores e o povo melhoraram de vida, nos tempos de vacas magras que se avizinham tanto petistas como tucanos vão priorizar a preservação dos lucros patronais em detrimento das condições de vida da classe trabalhadora.

15) Na medida em que se agravem as tendências recessivas da economia, seja com PT ou PSDB, devemos nos preparar para mais desemprego, mais inflação, aumento de tarifas, cortes nos gastos sociais, privatizações e retiradas de direitos.
16) Tanto Dilma como Aécio vão se opor à realização das demandas por mais direitos sociais que emergiu das manifestações de junho de 2013. Apesar da demagogia de “mudança” que ambos tentam fazer, o projeto político que representam, baseado nas grades empresas e no capital estrangeiro, entra em choque com aquelas demandas.
17) Precisamos apostar no caminho de junho para defender nossas conquistas e lutar por nossas demandas, o caminho da mobilização independente dos trabalhadores e da juventude.
18) O voto útil no mal menor está associado a uma postura de passividade diante da vida e dos problemas do país. Essa passividade está baseada na ilusão de um período de crescimento econômico que ficou para trás. Ela somente nos trará retrocessos e derrotas, pois os que estão no poder nunca são passivos. Pelo contrário, são bastante ativos, ainda mais num momento em que veem seus lucros e privilégios ameaçados.

19) Quanto mais votos tiver qualquer um dos dois candidatos eleitos, mais legitimidade terá para implementar medidas o novo governo. Quanto menos votos tiver o novo presidente, mais frágil estará para defender os interesses dos patrões, e em melhores condições estaremos para travar os combates em defesa do que já temos conquistado e por daquilo que merecemos conquistar. Por isso é necessário votar nulo.

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