Senado gasta R$ 5 milhões
com Sírio-Libanês
em apenas seis meses. Foto: Zanone Fraissat |
Hospitais estaduais do MA negam atendimento a “socorridos” pelo Samu |
Enquanto o SUS é desmontado continuamente pela falta de políticas
públicas no campo da saúde, pagamos hospitais modelos para "vossas excelências", parlamentares
carreiristas a serviço do grande capital. A classe trabalhadora, que sustenta todo o parasita aparato estatal
brasileiro não tem direito a saúde de qualidade, morrendo nas filas de atendimento do SUS. No entanto, os senhores senadores, sustentados pelo suor dos trabalhadores recebem atendimento VIP no melhor e mais bem equipado hospital brasileiro. Nessa contradição, nenhuma melhoria vem para o SUS. Se o problema é a falta de recurso para a saúde pública, por que existe "sobra" para a saúde privada?
Faz-se necessário mudanças nessa relação, podendo começar com a exigência de que qualquer "representante do povo" deva ter o mesmo atendimento hospitalar de seus "representados", condição para que se moralize e dignifique o atendimento no Sistema Único de Saúde, sucateado e desmontado em benefício dos grandes grupos exploradores da saúde das camadas populares do Brasil. (Almoço das Horas).
Título original: Senado gasta R$ 5 milhões com Sírio-Libanês em apenas seis meses
Sob o comando de Renan
Calheiros (PMDB-AL), o Senado gastou em seis meses 70% a mais com despesas
médicas no Sírio-Libanês do que o total pago em 2012 para atender
congressistas, dependentes, servidores e até ex-senadores e seus cônjuges no
hospital paulista.
De fevereiro a julho deste ano
--em janeiro, Renan ainda não era presidente da Casa--, foram pagos R$ 5,1
milhões ao Sírio-Libanês, enquanto no ano passado foram R$ 3 milhões, de acordo
com o Portal de Transparência do próprio Senado.
O dinheiro foi gasto com
serviços que incluem consultas, emergência e atendimento complementar a
diagnósticos e tratamentos.
Em janeiro, Renan Calheiros não
era presidente.
O Sírio-Libanês é o hospital
preferido pela maioria dos políticos brasileiros para fazer desde checkups a
tratamentos e cirurgias. O senador José Sarney (PMDB-AP), por exemplo, foi
transferido semana passada do Maranhão para o hospital paulista.
A fama do hospital atrai também
parentes dos congressistas e ex-senadores que têm direito ao plano de saúde da
Casa -- desde que tenham exercido o mandato por pelo menos seis meses. Todos
têm as consultas, exames e procedimentos integralmente custeados pelo Senado,
sem o pagamento de nenhuma contrapartida.
O Sírio é um dos hospitais
credenciados pelo plano de saúde do Senado, o SIS (Sistema Integrado de Saúde).
Os gastos no hospital incluem o pagamento de honorários a médicos que se
tornaram famosos pelo tratamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
da presidente Dilma Rousseff.
CHEQUE SEM FUNDO
“Nessa questão de saúde, quando
você tem cobertura é melhor ser atendido lá do que em centros menos
desenvolvidos”, disse o ex-governador de Pernambuco, senador Jarbas
Vasconcellos (PMDB-PE), que esteve internado no hospital no ano passado.
Jarbas disse que foi obrigado
pelo Senado a dar um cheque sem fundos para custear os honorários médicos do
seu tratamento cardíaco no Sírio até que a Casa efetivasse o ressarcimento de
R$ 110 mil.
“O Senado é uma Casa de mal
feitos. Eu levei um ofício do Senado em que a Casa se responsabilizava pelos
gastos hospitalares. Uma pessoa da diretoria-geral pediu para eu passar o
cheque, negociar com os médicos, que a Casa pagaria. Eu disse que é crime
passar cheque sem fundo, mas tive que fazer isso para o Senado me ressarcir depois,
tudo isso me recuperando de uma cirurgia”, afirmou.
GASTOS
Nos primeiros sete meses deste
ano, a Casa gastou R$ 77,8 milhões em despesas médicas. Ao assumir o comando do
Senado, Renan prometeu economizar R$ 6 milhões com a extinção do serviço médico
ambulatorial do Senado.
O senador manteve apenas os
atendimentos de emergência, mas servidores dizem que a medida vai ampliar os
gastos do plano de saúde --que passou a custear todos os tipos de consultas.
Ao contrário dos congressistas,
os servidores têm que contribuir com um percentual se aderirem ao plano. Todos
têm direito ao reembolso de consultas médicas de hospitais, clínicas ou
profissionais que não são credenciados na rede do plano.
OUTRO LADO
O Senado informou que mantém
dois contratos de credenciamento com o Sírio-Libanês, sendo um deles com a
unidade do hospital em Brasília e outro com a de São Paulo.
Esclareceu ainda que, no caso
da sede do hospital na capital paulista, “os honorários médicos não estão
incluídos, mas são passíveis de ressarcimento, mediante perícia e dentro dos
valores fixados em tabela”.
“A regra do SIS estabelece que
os servidores participam com uma contribuição mensal fixa individual e para
cada dependente, além de pagar 30% de qualquer despesa realizada em qualquer
estabelecimento conveniado, inclusive o Sírio-Libanês”, informou.
O Senado explicou ainda que os
congressistas não precisam necessariamente escolher estabelecimentos
conveniados, mas têm direito ao ressarcimento das despesas médicas.
Sobre o aumento das despesas no
início deste ano em relação ao volume gasto durante todo o ano de 2012, o
Senado atribuiu a evolução a “um conjunto de variáveis”, entre elas o
envelhecimento dos atendidos.
“Considerando que não houve
reajuste da tabela dos preços pagos ao hospital Sírio-Libanês, a explicação
para a evolução das despesas pode estar relacionada a um conjunto de variáveis,
como o crescimento do número de usuários, aumento na quantidade e na natureza
das intercorrências médicas, o envelhecimento da população, entre outras”,
explicou o Senado. Informou também que, no caso dos conveniados, o pagamento é
feito diretamente ao hospital, “após análise e auditoria das contas”.
HOSPITAL
Por meio de nota, o
Sírio-Libanês esclareceu que o valor pago pelo Senado “é pouco representativo
dentro do faturamento total registrado pelo Hospital em 2012, que foi de
aproximadamente R$ 1 bilhão”.
Informou ainda que os
atendimentos aos beneficiários do plano de saúde do Senado também são ínfimos
se comparados ao total anual do hospital.
“Os encaminhamentos feitos pelo
SIS ainda representam uma pequena parte das 19 mil internações, 20 mil
cirurgias e 82 mil consultas feitas em nosso Pronto Atendimento ao longo do ano
passado”.
Segundo o hospital, o Sírio é
apenas uma das instituições de saúde com que o Senado mantém contratos. “Desta
forma, cabe aos senadores ou funcionários, em comum acordo com a diretoria
responsável por esses assuntos no Senado, a opção pelo local de seu atendimento”,
disse.
Fonte: MS Hoje (Brasil - Contas Públicas -
Gastos com Hospital)
06/08/2013 - 13:35
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